Psicografado em 02/10/2017 15:15
Em nada a força da esperança se assemelha à atitude complacente da espera ociosa. Em nada ter esperança é a imagem do fraco iludido pelo futuro abençoado.
Moisés – ao liderar a fuga dos judeus dos quatro séculos de escravidão no antigo Egito – o fez em profusão de fé e esperança. Deu ao seu povo a chama sagrada da esperança. Mostrou aos seus irmãos que Deus daria a eles a terra prometida, Canaã, e assim convenceu seus conterrâneos a se libertarem dos grilhões faraônicos; e rumassem ao deserto, na expectativa de encontrarem a terra que germinaria a felicidade.
Jesus, em suas pregações, usou de mesmo expediente, dizendo que a vinda dele, Cristo, não era o final, mas o começo, pois chegaria o dia em que o Espírito da Verdade desceria à Terra e aqui daria a mudança definitiva.
Os apóstolos, seguindo o exemplo de Cristo, continuavam a zelar por seus irmãos perseguidos e torturados pelos impérios, dando a todos a palavra da esperança.
Escravizados, meu povo veio às américas cheio de temor, açoitados e violentados. Tentavam arrancar nossa crença nos Orixás, nos Inkices, em nossos ancestrais e os Babalorixás, os Tatetos e Mametos gritavam nas senzalas a palavra dos nossos Orixás, dizendo: tenham esperança, pois esse sofrimento cessará e logo regressaremos à terra de nossos ancestrais.
Judeus, cristãos, negros bantus e o povo yorubá. Qual desses povos não é exemplo de resistência? De luta?
Quais desses povos não passou por perseguições, açoites, violências e ainda assim mantiveram sua cultura, sua prece, sua fé?
Todos em comum tiveram seus líderes encarnados empunhando a bandeira da esperança. E todos lutaram, e muito, com suas vidas para garantir a concretização da esperança. Moisés morreu na caminhada do deserto, não assistiu, encarnado, a chegada da liberdade ao povo judeu. Jesus padeceu e morreu na cruz, assistiu a seus apóstolos serem caçados e mortos.
Os Babalorixás e Ialorixás morreram no cativeiro, assim como eu, e não assistiram, em vida carnal, a liberdade prometida.
Porém, não plantamos a árvore para a nossa colheita, plantamos para que as gerações futuras possam fazê-lo. E nesse ato de desprendimento e sacrifício acabamos por não assistirmos, mas por fazermos parte da colheita, da esperança divina, da fé e do amor.
A Umbanda é a palavra, a energia da esperança, é a religião do respeito e da paz, do amor e da compaixão. E não é uma religião fraca, que espera, é sim uma forte religião, fruto da resistência, herdeira de povos diversos que em comum tem a fibra da esperança regada à resistência.
Esperar não é saber. Quem sabe, tem esperança; mas, não espera o acontecer; faz de seu dia o ato do acontecimento, sem esperar nada, apenas tendo a esperança que Deus nos dá.
Ter esperança é trabalhar na fé pelo amor.
Eu tenho esperança em um mundo sem fronteiras, sem ódio, sem raiva, e você?
Pai Tobias de Guiné